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Fandango Caiçara

quinta-feira 25 de outubro de 2012, por Fernando Oliveira

Uma tradição que resiste e se adapta ao caminhar do tempo...

O fandango encontrado nos litorais paulista e paranaense, independente de suas origens, não seria apenas fruto de uma herança musical chegada ao sul do Brasil pelos portugueses. Essa teria se miscigenado com a música que aqui já havia, também de violas e rabecas, nas vilas e caminhos desde os tempos da capitania de São Vicente. Sua musicalidade transitou por terra e mar, pelos canais e ilhas que interligam o litoral paranaense ao de Cananéia e Iguape, em São Paulo, na região conhecida como Lagamar , estendendo-se até o litoral norte de São Paulo.

O fandango aqui apresentado é compreendido então como uma manifestação cultural popular brasileira, fortemente associada ao modo de vida caiçara , onde dança e música são indissociáveis de um contexto cultural mais amplo. Sua prática sempre esteve vinculada à organização de trabalhos coletivos - mutirões, puxirões ou pixiruns - nos roçados, nas colheitas, nas puxadas de rede ou na construção de benfeitorias, onde o organizador oferecia como pagamento aos ajudantes voluntários, um fandango, espécie de baile com comida farta. Para além dos mutirões, o fandango era a principal diversão e momento de socialização dessas comunidades, estando presente em diversas festas religiosas, batizados, casamentos e, especialmente, no carnaval, onde comemorava-se os quatro dias ao som dos instrumentos do fandango.

Atualmente é cada vez mais rara a realização de mutirões, embora estes ainda sejam organizados em localidades como Rio Verde, Utinga e Taquari . Com o avanço da especulação imobiliária e a transformação de grandes áreas da região em unidades de conservação, inúmeras comunidades tradicionais foram obrigadas a migrar para outras regiões, desarticulando importantes núcleos organizadores de fandangos.

Os fandangueiros encontraram, no entanto, outras formas de vivenciar o fandango, através da organização de clubes de baile, de festas comunitárias, formação de grupos artísticos ou em recriações por grupos mirins. Nos dias atuais, é crescente a colaboração das comunidades com a realização de trabalhos de pesquisa e afirmação cultural das práticas caiçaras locais, através da formação de associações de fandangueiros e outras formas de organização.

Fonte: Museu Vivo do Fandango