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quarta-feira 23 de outubro de 2013, por
Ataliberte Lauro Pereira, conhecido como Beto, nasceu em 1951, no centro de Cananéia, filho de Francisco Osório Pereira e Joana Lisboa Pereira. É mecânico de motor de popa e trabalha como encanador na Prefeitura de Cananéia. Beto toca viola e é o principal organizador do grupo Caiçara Cananéia.
“Eu aprendi a tocar um pouco com um velhinho num sítio, chamava-se Seu João, e depois com o primo Paulo. Ele pegava lá a viola, quando ele era mocinho, então, ele levava a viola lá na sala e ficava. Eu ficava olhando em vez de ir com ele, junto com ele, eu não. Até que ele reinou, reinou e me fez aprender um pouquinho também. Aí ele disse: “Então, toque cavaquinho”. Aí eu fui tocar meu cavaquinho. Muitas vezes ele tava tocando e cantando e eu estava tocando o cavaquinho, senão nada eu tinha aprendido. Ele é o Paulo Pereira, que é meu primo, que é do grupo São Paulo Bagre.” (Beto)
Depois de ficar por muitos anos afastado do fandango, Beto voltou a tocar em 2003, quando, a convite da organização de um encontro de grupos de fandango no Pereirinha, na Ilha do Cardoso, organizou o grupo Caiçara Cananéia.
“Fiquei desgostoso porque começou a se acabar o fandango no São Paulo Bagre, ali no Agrossolar. Ali era o ponto chave de tudo. Pro meu ver, ali foi pai e mãe do fandango de Cananéia, praticamente porque eles nunca deixaram de dar continuidade. Até que chegou uma época que parou porque veio o teclado, vieram os outros instrumentos. Aí todo mundo parou de tocar. Mesmo assim eles ainda faziam, às vezes. Mas aí pra nós ficou difícil porque, quando a gente ia tocar viola e cantar por aí, a rapaziada dizia: “Lá vai a turma do bobo com a viola nas costas”. Então, aquilo foi ficando chato, ruim, e veio trazer amargura pra gente. Porque a gente não tinha lugar de tocar. Já pensou, praticamente tocar na praça e a turma apedrejar você e dar risada e aquelas coisarada. Aí até que chegou esse cidadão que trouxe essa música, foi o Limonada” [um dos organizadores do encontro de grupos de fandango]. “Então, dali pra cá, a minha viola reviveu, eu também junto com ela e junto com esse grupo, eu nunca tinha participado, estamos até hoje aí, na luta.” Além da viola, Beto toca cavaquinho e timba. Possui alguns instrumentos antigos de fandango, como uma rabeca construída por Servininho – antigo artesão da cidade – e uma viola que, embora não saiba quem fez, calcula que tenha mais de oitenta anos.
“Ela chegou através de um amigo meu. Ele tinha viola, aí um dia eu fui tocar viola na casa dele, e daí ele falou: “Eu não toco, leve e toque e nunca deixe minha violinha perder!”. Aí eu disse: “Tá bom”. Ela ficou muitos anos encostada na parede. Aí, daquele dia do fandango lá do Pereirinha, aí sim ela não parou mais. Veio vindo, veio trabalhando e está aí até hoje.”