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Fandangueiros do Ariri

quinta-feira 25 de outubro de 2012, por Fernando Oliveira

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A vila do Ariri, fundada na década de 1920, em Cananéia, possui uma grande importância para diversas comunidades vizinhas. Lá estão situados os principais comércios e escolas da região, sendo uma espécie de pólo de atração para localidades como Barra do Ararapira, Pontal do Leste, Enseada da Baleia, Vila Rápida, Marujá, Varadouro e Taquari. Para lá migraram moradores de inúmeras vilas vizinhas, algumas já extintas, devido ao isolamento ou à transformação destas áreas em unidades de conservação. Atualmente, ainda se encontram no Ariri alguns fandangueiros, como membros da família Pereira e, principalmente, da família Alves. Os Alves consideram-se primos dos Pereira, pois teriam uma origem comum, no Araçaúba, em Cananéia. Todos tocam viola e aprenderam com os mais velhos, especialmente com os pais. Embora não constituam propriamente um grupo, os Alves se encontram com alguma freqüência para tocar fandango em família.

Os irmãos Henrique Alves (1943), João Alves (1946), Atanus Anacleto Alves (1952) e Dilermando Theodorico Alves (1957) nasceram no Araçaúba, filhos de Urbano Firmino Alves e Augusta Pereira Alves.

“Dia de mutirão, chegava de manhã, tomava café, tudo ia pro trabalho. Quando era onze, meio-dia, aí largava, almoçava, aí voltava pro serviço, ficava só à tarde, até de noite quase. Tomava um banho, naqueles tempo, tomava banho no rio, na cachoeira... trocava de roupa, pulava no fandango.” (Dilermando)

“O fandango era no mutirão, época de feriado, Carnaval, Páscoa, era tudo fandango. Não tinha negócio de forró, nada, era só o fandango. Fazia aqueles tamancão de canela, punha um couro nele, e saíam.” (João) “No tempo que nós se criamos, o que tinha era só fandango, não tinha esses negócio de baile que fazem agora, não. Não tinha essas música. Aqui, o que pertencia à região, aqui tudo, Ariri, que eu conhecia por aqui desde criança, era só fandango, né. E o Carnaval, Páscoa, qualquer sociedade que faziam de brincadeira, era só fandango mesmo. Não tinha outra brincadeira, era só fandango.” (Atanus) “Nos meus tempos, os campeão era o Afonso Barbosa, Mário Galdino, Paulo Bento, que morava no Varadorzinho, também, que andava por aqui junto com nós, nossos pais, nossos tios, o Olivo, então era os conhecidos, os primeiros.” (Henrique)

Iolanto Barbosa nasceu na Barra Ararapira, em 1932.

“Olha, aprendia é olhando, o pai da gente que tocava viola em casa, a gente ia vendo o tipo dele tocar viola e ia aprendendo alguma coisinha. A gente pegava um toco de pau, também, encordoado com timbopeva, e ia indo!” (Iolanto Barbosa)

Eliel Alves nasceu no Ariri, em 1988. É filho de Dilermando Alves e Cecília Bento Alves. “Hoje é difícil quem é mais novo, assim, procurar aprender um pouco desse negócio de instrumento, de viola. Acho que daqui do bairro mesmo só eu e Paulinho que tocamos, gostamos de instrumento de corda, viola principalmente, só eu e ele. Não sei, agora as coisas tão mudadas, forró, essas coisas...” (Eliel Alves)

Fonte: Museu Vivo do fandango

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