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Família Neves

quinta-feira 25 de outubro de 2012, por Natália Latansio

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O grupo Família Neves nasceu em 2005 e congrega várias gerações da mesma família. É formado por Antônio Neves (viola), Izidoro Leodoro das Neves (tantam e voz), Laurinei Antônio Neves (rabeca), Salvador Alberto das Neves (viola e voz) e João Luis Pontes Lara (cavaquinho). Izidoro nasceu em 1966. É filho de Antônio Neves e é uma liderança na comunidade de Marujá.

“Eu lembro do fandango. A gente era bem moleque, nós morávamos na Praia da Lage ainda, e tinha. Antes não tinha esse negócio de toca fita, de CD. Na época não tinha chegado aqui ainda. Daí faziam os mutirões, depois dos mutirões tinha o fandango (...) Lá na Lage. E a minha lembrança, eu era bem pequenininho, mas lembro que o pessoal ainda dançava uns batidos. Nossa, era bonito de ver. E depois, acabou, acabou um pouco a tradição e agora, de algum tempo pra cá, nós estamos tentando fazer esse resgate da cultura.” (Izidoro).

Salvador, conhecido como Baduquinha, nasceu em 1970. É filho de Salvador Marcos das Neves, o Baduca, irmão de Antônio das Neves. Aprendeu a tocar quando pequeno, seguindo o exemplo do pai, que foi um renomado violeiro da região.

“O meu pai, vai fazer trinta anos que ele largou de tocar viola. Na verdade, porque, além dele virar de crença, também foi, todo mundo ficou sem ir, não ia mais. “Ah, vamos convidar...”. Você vê a dificuldade aqui: “Ah, vamos”, os caras sabem, mas pra ir fica difícil. Gosta, sabe tocar rabeca, tocar viola, mas o pessoal não se reuniu mais. Então, nós também ficamos sem dar esse passo, nós estava aqui, e não tinha ninguém pra dedicar mais.” (Salvador).

Laurinei nasceu em 1979 e é enteado de Aroldo, filho de Antônio Neves. Na rabeca, seu maior professor foi Zé Pereira e a viola, aprendeu a tocar com Antônio.

“Meu tio, Antônio Neves, sempre vivi com eles lá no Morretinho, morei junto, lá. Aí ele deixava a violinha dele na parede, quando ele saía, eu ia lá e dasafinava tudo. Ele achava ruim, depois ele ia lá e afinava e eu pegava de novo. Até aprender um pouquinho. Aí eu aprendi com ele. Afinava sozinho depois, a viola. Aí fui lutando pra comprar uma viola pra mim, consegui, pra ser meu, pra pegar na hora que eu quisesse.” (Laurinei)

João Luis nasceu em 1983. É casado com uma sobrinha de Izidoro e se aproximou do fandango de uma forma bem diferente dos outros componentes do grupo.

“Foi assim, eu mesmo não gostava de fandango, pra mim era só pagode, só curtia pagode. (...) “Ah, é ruim de eu gostar de fandango”, eu falava, e não gostava mesmo. Eu via o pessoal de Cananéia tocando, achava engraçado o jeito. Dançar até eu dançava. Aí eu fui gostando quando o pessoal do Perequê, eu vi eles tocando, o Aldemir, me convidou, a Fátima, minha cunhada, começou a me convidar pra ir, eu peguei e fui. Comecei a gostar, achei da hora, aí falei: “Eu quero aprender”. (João Luís) Antônio Neves foi o grande incentivador do grupo. Fico muito feliz. Como eu estava dizendo, eu fui professor deles, então, eu fico feliz de ficar no meio deles. (...) Vamos levantar isso aqui. Eu já falei pra ele, eu não posso, eu queria que eles fizessem aqui, por conta deles, mas eles não querem, não querem que seja, que eu sempre esteja no meio...” (Antônio Neves)

Em 2013, o grupo foi agraciado com o "Prêmio Culturas Populares" do Ministério da Cultura.

Fonte: Museu Vivo do Fandango

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